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Chegando aos 54 anos hoje, o britânico Morrissey já deixou claro que está “vivendo mais que pretendia” e que “alguma coisa deve ter dado certo” para que isso acontecesse. Independentemente dessa visão sobre a própria vida, o ex-frontman do The Smiths abandonou a imagem do jovem trágico – que cunhou nos anos 80 – e aparece em cena como um bon vivant muito bem trajado que joga seus braços por Paris, caminha por Roma e perambula por Los Angeles – cidade que, por sinal, já foi sua casa.

O legado criado por Morrissey, seja com sua ex-banda ou em carreira solo, é inegável. É impossível não ouvir ecos de sua influências em artistas como Suede, Oasis, The Heartbreaks, Belle & Sebastian e até mesmo em David Bowie – que regravou em seu Black tie, White noise a canção “I know it’s gonna happen someday” do clássico Your arsenal, de 1992.

Flertando com o desastre

E é, justamente, desse álbum que brotaram as acusações de racismo contra o cantor, usando, não apenas canções como “Glamorous glue”, “The National front disco” e “We’ll let you know”, mas também uma conturbada apresentação no Madstrock, em que o pano de fundo da apresentação era duas skinheads.

A coroação desse episódio foi a manchete do semanário inglês New Musicial Express (NME) que dizia: “Segurando a bandeira ou flertando com o desastre?”. A resposta do bardo viria somente 12 depois do caso, mas seria uma tampa perfeita para esse caldeirão de acusações. “Irish blood, English heart”, do lendário You are the quarry, de 2004, tem os versos: “Sonho com o tempo quando / ser inglês não será pernicioso / e segurar a bandeira / não fará se sentir envergonhado, racista ou parcial” e não precisa dizer mais nada.

Atualmente, uma das mais pedidas em shows e mais conhecidas de Morrissey, a música marcou o retorno do britânico ao mainstrain, após sete anos sem gravadora – desde o fatídico e desastroso contrato assinado com a Mercury, em 1996, e que resultaria no ano seguinte em Maladjusted, um disco árduo, que deixa exposto o penar de Morrissey e sua batalha judicial contra o ex-Smiths Mike Joyce que reivindicava – e acabou saindo vencedor – maior participação nas vendas do material da banda.

Anos selvagens

Nesse meio tempo, entre o Madjusted e o You are the quarry, Morrissey faria quatro apresentações pelo Brasil, em 2000, algo que só se repetiria 12 anos depois. Foi nessa época em que um dos maiores tesouros da mozmania foi criado: o documentário da BBB The Importance of being Morrissey, mostrando o dia a dia o ídolo, em sua casa, no backstage, no aeroporto, enfim…

Na entrada do século XXI, Morrissey já estava consolidado como um dos maiores artistas de sua geração e, de acordo jornal inglês Guardian, o maior britânico vivo e o segundo maior de todos os tempos – perdendo somente para Shakespeare. Por isso, nada mais justo que o Nada de meias palavras preste essa homenagem ao homem que criou que fizeram chorar, mas também salvaram vidas.

Madstrock Festival – The National front disco

Madstrock Festival – Glamorous glue

Irish blood, English heart

The Importance of being Morrissey (Completo)